As Lágrimas De Um Babalorixá!

Aquele Pai estava triste, acordara com o peito apertado, uma angustia sem motivo aparente. Passou o dia todo pensativo, foi para o REINO mais cedo que o normal. Entrou, saldou seus orixás de rua, e se encaminhou-se para o interior do templo, parou, olhou o piso, as paredes, cada detalhe que não são percebidos ao longo das festas!
Foi caminhando até o QUARTO DE SANTO, parou e ficou a olhá-lo, cada vasilha, cada Orixá. Quanto amor fora colocado ali para que tudo fosse realizado, para que um sonho fosse concretizado, quanta luz aquelas louças "velhas " já haviam irradiado, quantas bênçãos!
Olhou o assentamento de Ogum, grande guerreiro, quantas lutas. Olhou para sua "praia,"quanta sabedoria, quanta humildade e assim foi percorrendo todos os orixás daquele seu altar, até se deter com o monumento do Pai Oxalá, imponente, majestoso, no mais alto posto a tudo vigia, mas seus olhos já não podiam ver, pois as lágrimas corriam pelo seu rosto.

Ajoelhou-se em cólera, e chorou. E suas lágrimas lavaram o chão sagrado daquele peji. As lágrimas daquele Pai pareciam falar.
Falavam da incompreensão das pessoas, de quanto haviam passado por aquele templo e nunca mais voltaram, falavam dos rancores, das mágoas e da ingratidão... Falavam das oportunidades perdidas, falavam dos seus filhos que vieram até suas mãos que os acolheu e acalentou até que eles estivessem prontos para trilharem novos caminhos.
Falavam daqueles que partiram para o plano espiritual e deixaram saudades... E uma a uma às suas lágrimas foram caindo e cada uma delas lhe falava ao coração, até a última lágrima rolou pelo seu rosto, só que esta era cristalina e parecia lhe dizer:

    - Filho, sou o próprio Oxalá que vive em você, posso rolar pelo seu rosto e ir ao chão, mas jamais deixarei de estar em seu coração, continue a amparar meus filhos e eu o recompensarei!

" Quem se atreve a interceder pelos outros precisa ter coragem pra enfrentar a ingratidão."

Sob as bênçãos do Pai Ode.

Axé.